quarta-feira, 29 de junho de 2016

QUE HORAS SÃO?

Há dias, por mera coincidência, ouvi um pequeno diálogo que retive.

A conversa foi curta.

- Que horas são? Perguntava um.

- 10 e pouco, respondeu o outro.

- Não, retorquiu um terceiro. São 10 e 10.

- Mas é a mesma coisa, insistiu o segundo.

- Não. Dez e pouco é diferente de 10 horas e 10´.

- Ora, é a mesma coisa, insistiu o terceiro.


Olhei para o relógio e, de facto, eram 22h10´.

Perguntei ao meu colega que horas eram para confirmar e ele respondeu-me prontamente:

Passam 10 das 22h.


Fiquei a pensar...

De facto todos tinham razão.

As horas não eram o mais relevante para eles, mas a afirmação que cada um queria ter no referido diálogo.

Para mim era rigorosamente a mesma coisa, mas para eles não.

Compreendi-os e fiquei a pensar.

É assim na vida.

Muitas vezes dizemos o mesmo, mas de forma diferente.

Mas como não nos ouvimos, logo assumimos a diferença.

Ouçamo-nos e, acima de tudo, tentemos convergir no que nos une.

Dizer e pensar diferente não significa ser contrário, mas apenas olhar a realidade por outra janela.

Ao contrário destes meus amigos, há ainda aqueles que nem dizem as horas para não gastarem o relógio.



valdemar cabral





 

terça-feira, 26 de abril de 2016

26 DE ABRIL

26 de Abril  não é o dia de hoje - é o FUTURO

26 de abril é o 1º dia depois do 25 de abril, por isso ele só pode representar a esperança num mundo melhor, seja ele pintado de que cor for.

Mas o futuro não pode ser apenas e evolução do ontem, mas um ato  criativo que permanentemente convoca todos.

Como disse o Presidente da República (que bom foi ouvir falar em sonho):

A Democracia criada a partir do 25 de Abril de 1974 tem de ser recriada, todos os dias, para se não negar, nem negar futuro aos Portugueses.
Saibamos, também, todos nós, honrá-la e servi-la, renovando o que importa renovar, debatendo o que há a debater, sonhando o que há a sonhar.

Há na essência deste pensamento do PR uma convocação para uma melhor cidadania, para um reforço da Democracia, que não se pode bastar e alimentar do ato de votar.
A Democracia não se vive de 4 em 4 anos, mas todos os dias.
Democracia é uma permanente vivência no seio da sociedade em que estejamos inseridos; é um estar feito de participação e de respeito pela opinião divergente, na certeza que só na riqueza da divergência se pode encontrar o maior número possível de soluções para um mesmo problema.

Saibamos viver em Democracia e alimentar a nossa participação e ação social na conjugação dos verbos RECRIAR, RENOVAR, DEBATER e SONHAR.

Se todos exercermos as nossas responsabilidades com fundamentos verdadeiramente democráticos e fizermos desta visão da Democracia o nosso modus operandi e o nosso lema de agir em sociedade, por certo estamos a contribuir para a busca do verdadeiro bem comum, abandonando definitivamente o paternalismo do “eu sei o que é melhor para ti”.

Se tal não for a nossa convicção e a nossa prática de agir e pensar então, como diz o PR, estaremos a contribuir para negar futuro.

valdemar cabral

segunda-feira, 28 de março de 2016

FESTAS DOS BASKET 2006-2016

Como diz a canção "10 anos é muito tempo, muitos dias, muitas horas a cantar...."

Pois é, são 10 anos de sucesso da FPB e da sua equipa, que deu muitos dias, muitas horas de trabalho.

Mas acima de todo o esforço, que foi e é muito, fica o brilhozinho nos olhos com que o Presidente Manuel Fernandes sempre viveu esta iniciativa.
E só com o brilhozinho nos olhos se consegue o impossível e todo o trabalho se torna gratificante.

Sem paixão, não há sucesso.
 
Amanhã todos os caminhos basquetebolísticos vão dar a Albufeira para, até domingo, uma sadia competição unir todas as Associações e atletas de todo o País numa enorme confraternização onde a vitória é de todos.

Também a arbitragem, parte integrante das "Festas", vai marcar presença com cerca de uma centena de juízes que, num espirito de confraternização com jogadores/as, treinadores/as e dirigentes, vão com o seu desempenho dar um contributo decisivo para mais um sucesso das Festas do Basket.

Pela parte interessada que represento, necessário se torna transmitir a todos os juízes que mais que a "montra" para o sucesso individual que por vezes é apregoada, nas Festas importa solidificar os princípios da solidariedade, amizade, confraternização, partilha e o gosto de participar no fenómeno coletivo que é o basquetebol, pois só assim o espirito das Festas se prolonga durante toda a vida dos juízes na arbitragem.

Para isso as Festas têm que ser um momento para afirmar que o importante é formar Homens e Mulheres para a arbitragem e para o Basquetebol, mais do que técnicos com sucesso na aplicação das leis do jogo. 


É transmitir desde já aos jovens juízes quais são os valores ético-desportivos que queremos na nossa modalidade e que a arbitragem é uma atividade que implica sacrifício, dádiva, entrega ao bem comum, paixão, trabalho em equipa, solidariedade e respeito por todos os agentes desportivos.

A arbitragem e o basquetebol necessitam de mais Homens e Mulheres de carater e solida formação cívica.

Que os jovens juízes disfrutem do prazer de participar nestas "Festas" e que com o sentido de responsabilidade que sempre demonstram saibam contribuir hoje e amanhã para o sucesso da Arbitragem e do Basquetebol

ATÉ ALBUFEIRA!

valdemar cabral





 

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

MOTIVAÇÃO


O fator motivação vs. desmotivação é um elemento essencial para o sucesso do trabalho em equipa, seja de que natureza for, e é determinante para que alcancemos os objetivos a que nos propusemos, ou de que somos responsáveis.
 
É essencial ao sucesso de um grupo de trabalho que o líder seja capaz de trabalhar a motivação de todos os seus membros e compreenda quais os fatores determinantes para motivar todos os seus pares.
 
Numa época de crise financeira e económica tal torna-se ainda mais relevante, pois mesmo que o aspeto financeiro, por si só, pudesse garantir o sucesso, e não é, não podemos "comprar" a motivação com dinheiro.
 
Mais dinheiro não é sinal de melhor desempenho e maior motivação das equipas.
 
Outros fatores como os princípios éticos, os valores socialmente relevantes, o reconhecimento da competência, a solidariedade e o gosto pelo participar ativamente no sucesso do projeto coletivo, têm que ser valorizados e ser motor do alavancar da motivação coletiva.
 
Cabe aos líderes ter competências e ideias claras nesta matéria, trabalhá-las com os pares, e os liderados, e incutir uma prática de gestão participada nos projetos e atividades assente em valores por todos reconhecidos e aceites.
 
Sobre este assunto, recomendo a leitura de uma entrevista de Alain de Botton, in Publico - 2.2.2016, transcrevendo um pequeno excerto como forma de aguçar o apetite pela leitura.
 
"A teoria dominante é a de que se motiva pelo salário e incentivos. E que é através de salários mais elevados que se adquire o talento.
Depois há muitas teorias sobre como aumentar a motivação: um escritório com muita luz ajuda; uma mesa de pingue-pongue na empresa também; um dia de pizza gratuita igualmente.
Mas,apesar de todas as experiências, o que vemos é que as empresas continuam a debater-se com problemas graves de motivação.
E no entanto há exemplos que contrariam tudo o que fazemos nas empresas.
Um membro do exército ganha pouco e faz coisas extraordinárias — até morrer.
No mundo de hoje é possível pagar um salário anual de 18 mil libras para alguém morrer por nós.
Mas na empresa ao lado temos trabalhadores desmotivados que recebem 22 mil libras/ano para preencher formulários.
O QUE É QUE ISSO NOS DIZ?
Que a intensidade da motivação está ligado à nossa convicção de que o que fazemos tem grande valor.
Não é somente pelo dinheiro.
É pelo significado do que fazemos.
Precisamos de lideres que deem significado ao nosso trabalho."
 
valdemar cabral

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016


TENS JEITO PARA A COISA!

Em matéria de ética e princípios de igualdade temos ainda um longo percurso a percorrer mas, o que é mais grave, é que em Portugal parece que é socialmente considerado normal aquilo que deveria merecer a repulsa de todos os cidadãos e a intervenção das entidades oficiais.
 
Assisti hoje no jornal das 8 da CMTV a uma reportagem sobre ocupação de um prédio devoluto em Lisboa.

Os agentes da PSP arrombam a pontapé uma porta, retiram os cartões de proteção de uma janela e encontram uma degradante situação social.

Numa dependência uma Senhora nitidamente sob alimentada e carente de tudo é questionada pelo agente da PSP:

- Mas tu moras aqui?
- Moras com quem?
  Não senhor agente…, respondeu a Senhora.

- Drogaste?
  Não fumo drogas há muito tempo.

- E o teu marido, onde é que está?
- És diabética?
  Não senhor agente. Utilizo o aparelho para ver as horas senhor agente, porque eu não tenho relógio.

-Tens telemóvel?
  Não senhor agente.

- E o teu marido tem?
  Também não senhor agente.

- Olha, e esse pé?
  Isso fui eu que cai senhor agente e parti.

Entretanto o senhor agente questiona a Senhora sobre frases escritas na parede, em que se lia:

“ Só pode falar da minha vida quem puder servir de exemplo”
e

 “ O conhecimento da vida está dentro de cada pessoa”
O agente questiona:
És tu que escreves isto?
Sou senhor agente.

Resposta do agente: tens jeito para a coisa!

Não resisti e mudei de canal.

Não está em causa a bondade dos objetivos da intervenção policial, mas o respeito pelos direitos humanos dos mais fracos.
Será que a exposição de imagem dos pobres foi autorizada pelos próprios?

Será que se respeitou o direito de ser pobre?
E fiquei a pensar….
Mas quem será destas personagens o ser socialmente mais pobre?

Por certo não é esta Senhora que não perdeu os princípios de educação no relacionamento com os outros e é capaz de, no meio da miséria social mais profunda em que vive, ter a riqueza de exprimir, por escrito, os seus sentimentos, a que o Senhor Agente chama- tens jeito para a coisa.

Fiquei mais triste!

Valdemar cabral