O NOVO CAMPEONATO NACIONAL 1ª DIVISÃO
Conforme foi tornado público através do Com. nº 237- 2012/2013 – FPB, de 24 de abril, foi criado o Campeonato Nacional de 1ª Divisão – masculino, com a integração de todas as equipas que disputavam, ou iriam disputar, os extintos campeonatos da CNB1 e CNB2.
Importa reconhecer que se concretizou mais uma iniciativa no sentido de inovar e desenvolver o Basquetebol, sendo determinante não perder este apelo à mudança e tomar as medidas necessárias para que a nova competição seja um êxito e reforce o quadro competitivo nacional.
O sucesso desta nova prova, como das restantes, depende da capacidade e competência de todos os agentes que nela intervêm.
Há, acima de tudo, um problema de atitude que deve ser revisto, pois a todos compete promover e divulgar a modalidade em espírito de equipa e de coesão, não havendo lugar a ilhas de competência reservada e a interesses particulares, mas sim a uma comunhão de esforços no sentido de promover as competições nacionais como um produto que se vende e cujo preço será sempre a contrapartida da nossa capacidade de mobilização e organização.
Todos temos que conhecer as dificuldades e partilhar esforços sabendo que acima de tudo está a defesa do desenvolvimento do Basquetebol.
Com a criação desta nova competição, e sem ignorar que outras áreas há que merecem apreciação, há dois aspetos que, de uma forma clara, criativa e adequada à realidade sócio desportiva, devem, ou pelo menos deviam, ser equacionados e discutidos, isto é, a organização da competição e o sistema de arbitragem.
1. Organização - No que se refere à organização da competição e dos jogos torna-se absolutamente necessário fazer apostas sérias em vários aspetos:
Todos os clubes devem encarar a competição como a integração num projeto coletivo que a todos interessa, tendo perante a competição, e cada jogo, uma postura de responsabilidade e empenho, começando por fazer de forma excelente tudo que não depende das maiores ou menores capacidades financeiras;
Calendarização dos jogos em função da promoção do jogo-espetáculo, tendo em consideração as calendarizações de outros campeonatos e, até de outras modalidades, criando rotinas de horários de jogos por forma a promover uma maior identificação do público com as equipas;
Promoção dos jogos junto da comunidade local, por forma a que cada jogo seja um acontecimento e um espetáculo desportivo de interesse geral;
Não descorar as condições de acolhimento e de respeito pelo público, promovendo o espetáculo através diversão musical antes e nas paragens de jogo, apresentação de equipas, quadros de informação eletrónica para o público, etc;
2. Sistema de arbitragem – de uma forma algo incompreensível, os clubes têm-se desprendido do sistema de arbitragem, limitando-se a discutir apenas aspetos quantitativos e menos os aspetos qualitativos e de evolução de arbitragem e do jogo. Resolvida a questão de pagar menos, o resto parece não ser relevante. Ora tal atitude, nesta como noutras competições, não é a melhor para o sucesso da competição.
Os clubes, fundamentalmente os Treinadores, têm que participar ativamente na preparação das épocas transmitindo a sua própria opinião sobre a arbitragem no jogo e o seu reflexo no sucesso da competição;
Têm que se criar compromissos que inovem e salvaguardem a imagem de cada um perante a competição, o público e a comunicação social, designadamente em termos de apresentação, atitude, comportamento e comunicação entre os vários agentes e, essencialmente, entre dirigentes, treinadores e juízes;
Os clubes terão que se empenhar mais na definição dos sistema e critérios de arbitragem, e menos nos custos a suportar, pois estes são o reflexo daqueles. Importa definir o que se quer, como se quer e depois acompanhar a sua execução;
A arbitragem deve manifestar uma abertura de pensamento assente na promoção do jogo e nas reais possibilidades de investimento e na otimização dos recursos escassos disponíveis. Nem tudo o que se deseja se alcança, mas só o sonho da inovação promove a evolução, e sem esse sonho não deixaremos de marcar passo. É tempo de abandonar o apelo chavões vazios de qualquer conteúdo como “filosofia e perspetiva da arbitragem moderna”, invocar “reformas” que se não concretizam e apelar a conceitos de “sustentabilidade” que não se praticam.
A reforma de pensamento e de atitude é a principal forma de alcançar o sucesso que a nova competição exige e o Basquetebol necessita, mas para isso é necessário que cada um reconheça, com humildade, que só juntos alcançaremos o sucesso e que o Basquetebol é o mais importante.
valdemar cabral