terça-feira, 8 de outubro de 2013

RUI MOREIRA


O PORTO ESCOLHEU

 
A propósito das recentes eleições autárquicas, muitas foram as considerações que publicamente foram tecidas e se bem que, desta vez, a vitória não foi por todos reclamada, tornou-se evidente que, para uns, quem ganhou não ganhou como  era esperado e, para outros, quem perdeu afinal também ganhou.

 
No entanto, houve unanimidade no reconhecimento que no Porto houve um vencedor - Rui Moreira.

De facto, uma personalidade com sentido de responsabilidade, bom senso e com um discurso honesto e realista conseguiu, em condições muito particulares, reconheça-se, captar a preferência das gentes do Porto.

Esta eleição foi, sobre muitos aspetos, apresentada como uma nova forma de se encarar os jogos  partidários e as gentes do Porto apontadas como mais um exemplo de liberdade face aos aparelhos partidários.

A este propósito, não posso deixar de referir a opinião de Miguel Sousa Tavares in Expresso 5.12.2013.

Triunfou, sim, um antigo e digno espírito burguês, assente em virtudes velhas e em desuso, tais como o trabalho, a poupança, a seriedade nos negócios e nas contas, que ao longo dos tempos fez prosperidade e o nome honrado do Porto.

Não se poderia dizer mais e melhor com tão singelas palavras, pois este é o espírito do Porto e das suas gentes.

Um colectivo que, acima de tudo, vive o presente com sentido de responsabilidade e humildade, que recusa gastar hoje o que irá ganhar amanhã e que sabe que só com trabalho, espírito de entre-ajuda e partilha de esforços se pode ter um futuro melhor.

É evidente que ninguém tem o exclusivo destes valores que, como diz MST estão em desuso, mas há quem os tenha sempre presentes, os viva no seu dia a dia, e acima de tudo, os interiorize como o "ADN" da sua identidade.

Esses são as gentes do Porto e esse espirito o seu motivo de orgulho e regozijo.

 
valdemar cabral

terça-feira, 1 de outubro de 2013

TEMPOS DIFICEIS

 
"Quando passas nos meus olhos
nunca és o que eu sonhei..."*

 
Ao reviver recentemente tempos de Coimbra, tempos que nunca se esquecem por mais curto que esse tempo seja, deparei-me com um daqueles poemas que nos conduz ao sonho, à fantasia, à realidade da vida, seja ela qual for, e nos confronta com a desilusão de enfrentarmos no nosso dia a dia uma realidade tão diferente da que esperávamos, queríamos ou sonhamos.


Poder-se-á dizer que tal desilusão poderá resultar de termos querido e sonhado mais que o possível, ou criado expectativas acima do realizável.
 
É certo que sim.
 
Mas não é menos verdade que como escreveu o poeta António Gedeão
 
"Eles não sabem nem sonham que o sonho comanda a vida
que sempre que o homem sonha o mundo pula e avança...".
 
Por isso, a capacidade de sonhar com os pés no chão, de querer mais e melhor e de não se contentar com o óbvio, com soluções fáceis e  acomodadas, é condição indispensável para a superação de objetivos e obtenção da excelência de desempenhos e resultados.

É certo que vivemos um tempo cinzento, onde o dinheiro é a escala e a justificação, muitas vezes indevida, para a estagnação e, se não mesmo, para o retrocesso.

No entanto, os tempos de crise são, também, tempos de novas oportunidades, tempos onde o materialismo tem que ceder perante outros valores, pois como alguém já escreveu

"é quando a maré baixa que se vê
quem está a nadar sem calções".

 
O Basquetebol, e todos os seus agentes, estão em maré baixa, pelo que importa transformar este tempo num tempo de novas oportunidades, de mais pragmatismo na ação, de transformação de custos em investimento, de conjugação de esforços e sentido de "Estado" daqueles que têm a ingrata função de dirigir.

Todos temos que olhar para além do que a vista alcança, distinguir o acessório do principal, sob pena de estarmos permanentemente a bater contra a parede e só então despertarmos para a realidade.


Nunca, como nos tempos que se avizinham, teve que haver entre todos os agentes e estruturas da modalidade tanta conjugação de esforços, serenidade, ponderação e perceber que é a nossa casa, a nossa "família" que não está bem e, como tal, somos nós próprios que estamos em crise e é em nós próprios que muitas vezes batemos.

Todos somos "culpados"/responsáveis, todos merecemos mais e melhor, mas todos temos o dever de contribuir e não lançar um ferro ao naufrago, para ele se agarrar.

Os juízes do Basquetebol têm dado um exemplo de sentido de responsabilidade, de sacrifício e de compreensão, pelo que a todos nós dirigentes da modalidade compete enaltecer essa atitude, pugnando com a nossa ação, o nosso exemplo e a nossa capacidade de dirigir, para que se encontrem novas plataformas de compromisso e de entendimento que evitem mais nuvens sobre a nossa modalidade.

 valdemar cabral
* Balada da Despedida