terça-feira, 1 de outubro de 2013

TEMPOS DIFICEIS

 
"Quando passas nos meus olhos
nunca és o que eu sonhei..."*

 
Ao reviver recentemente tempos de Coimbra, tempos que nunca se esquecem por mais curto que esse tempo seja, deparei-me com um daqueles poemas que nos conduz ao sonho, à fantasia, à realidade da vida, seja ela qual for, e nos confronta com a desilusão de enfrentarmos no nosso dia a dia uma realidade tão diferente da que esperávamos, queríamos ou sonhamos.


Poder-se-á dizer que tal desilusão poderá resultar de termos querido e sonhado mais que o possível, ou criado expectativas acima do realizável.
 
É certo que sim.
 
Mas não é menos verdade que como escreveu o poeta António Gedeão
 
"Eles não sabem nem sonham que o sonho comanda a vida
que sempre que o homem sonha o mundo pula e avança...".
 
Por isso, a capacidade de sonhar com os pés no chão, de querer mais e melhor e de não se contentar com o óbvio, com soluções fáceis e  acomodadas, é condição indispensável para a superação de objetivos e obtenção da excelência de desempenhos e resultados.

É certo que vivemos um tempo cinzento, onde o dinheiro é a escala e a justificação, muitas vezes indevida, para a estagnação e, se não mesmo, para o retrocesso.

No entanto, os tempos de crise são, também, tempos de novas oportunidades, tempos onde o materialismo tem que ceder perante outros valores, pois como alguém já escreveu

"é quando a maré baixa que se vê
quem está a nadar sem calções".

 
O Basquetebol, e todos os seus agentes, estão em maré baixa, pelo que importa transformar este tempo num tempo de novas oportunidades, de mais pragmatismo na ação, de transformação de custos em investimento, de conjugação de esforços e sentido de "Estado" daqueles que têm a ingrata função de dirigir.

Todos temos que olhar para além do que a vista alcança, distinguir o acessório do principal, sob pena de estarmos permanentemente a bater contra a parede e só então despertarmos para a realidade.


Nunca, como nos tempos que se avizinham, teve que haver entre todos os agentes e estruturas da modalidade tanta conjugação de esforços, serenidade, ponderação e perceber que é a nossa casa, a nossa "família" que não está bem e, como tal, somos nós próprios que estamos em crise e é em nós próprios que muitas vezes batemos.

Todos somos "culpados"/responsáveis, todos merecemos mais e melhor, mas todos temos o dever de contribuir e não lançar um ferro ao naufrago, para ele se agarrar.

Os juízes do Basquetebol têm dado um exemplo de sentido de responsabilidade, de sacrifício e de compreensão, pelo que a todos nós dirigentes da modalidade compete enaltecer essa atitude, pugnando com a nossa ação, o nosso exemplo e a nossa capacidade de dirigir, para que se encontrem novas plataformas de compromisso e de entendimento que evitem mais nuvens sobre a nossa modalidade.

 valdemar cabral
* Balada da Despedida

1 comentário:

  1. Que bom ter lido aqui uma referência a Coimbra, sentindo bem na pele por que motivo ela fica, como uma grata recordação, no coração de quem, como eu, nasceu lá ou de alguém que por lá tenha passado algum tempo, por qualquer razão...
    A propósito do sonho comandar a vida (mesmo daqueles que desconhecem que também sonham...), eu já faço um grande esforço em acreditar que seja lícito sonharmos, a despeito da esperança que ainda tenho no futuro e da força que - vá-se lá saber porquê! - ainda procuro ter... Tudo o que "pese" no que escrevo sai para o papel como desabafo e mais nada... Assim como cão que ladra só para chamar a atenção duma certa gentalha ...
    É bom saber que há pessoas a promover uma sã ocupaçao do tempo livre dos jovens. Bem Haja Doutor!

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