"Quando
passas nos meus olhos
nunca
és o que eu sonhei..."*
Ao
reviver recentemente tempos de Coimbra, tempos que nunca se esquecem por mais
curto que esse tempo seja, deparei-me com um daqueles poemas que nos conduz ao
sonho, à fantasia, à realidade da vida, seja ela qual for, e nos confronta com a
desilusão de enfrentarmos no nosso dia a dia uma realidade tão diferente da que
esperávamos, queríamos ou sonhamos.
Poder-se-á
dizer que tal desilusão poderá resultar de termos querido e sonhado mais que o possível,
ou criado expectativas acima do realizável.
É certo
que sim.
"Eles não sabem nem
sonham que o sonho comanda a vida
que sempre que o homem
sonha o mundo pula e avança...".
Por isso,
a capacidade de sonhar com os pés no chão, de querer mais e melhor e de não se
contentar com o óbvio, com soluções fáceis e
acomodadas, é condição indispensável para a superação de objetivos e
obtenção da excelência de desempenhos e resultados.
É certo
que vivemos um tempo cinzento, onde o dinheiro é a escala e a justificação,
muitas vezes indevida, para a estagnação e, se não mesmo, para o retrocesso.
No
entanto, os tempos de crise são, também, tempos de novas oportunidades, tempos
onde o materialismo tem que ceder perante outros valores, pois como alguém já
escreveu
"é quando a maré baixa que se vê
quem está a nadar sem calções".
O
Basquetebol, e todos os seus agentes, estão em maré baixa, pelo que importa
transformar este tempo num tempo de novas oportunidades, de mais pragmatismo na
ação, de transformação de custos em investimento, de conjugação de esforços e
sentido de "Estado" daqueles que têm a ingrata função de dirigir.
Todos
temos que olhar para além do que a vista alcança, distinguir o acessório do
principal, sob pena de estarmos permanentemente a bater contra a parede e só
então despertarmos para a realidade.
Nunca,
como nos tempos que se avizinham, teve que haver entre todos os agentes e
estruturas da modalidade tanta conjugação de esforços, serenidade, ponderação e
perceber que é a nossa casa, a nossa "família" que não está bem e,
como tal, somos nós próprios que estamos em crise e é em nós próprios que
muitas vezes batemos.
Todos
somos "culpados"/responsáveis, todos merecemos mais e melhor, mas
todos temos o dever de contribuir e não lançar um ferro ao naufrago, para ele
se agarrar.
Os juízes
do Basquetebol têm dado um exemplo de sentido de responsabilidade, de
sacrifício e de compreensão, pelo que a todos nós dirigentes da modalidade compete
enaltecer essa atitude, pugnando com a nossa ação, o nosso exemplo e a nossa
capacidade de dirigir, para que se encontrem novas plataformas de compromisso e
de entendimento que evitem mais nuvens sobre a nossa modalidade.
* Balada da Despedida
Que bom ter lido aqui uma referência a Coimbra, sentindo bem na pele por que motivo ela fica, como uma grata recordação, no coração de quem, como eu, nasceu lá ou de alguém que por lá tenha passado algum tempo, por qualquer razão...
ResponderEliminarA propósito do sonho comandar a vida (mesmo daqueles que desconhecem que também sonham...), eu já faço um grande esforço em acreditar que seja lícito sonharmos, a despeito da esperança que ainda tenho no futuro e da força que - vá-se lá saber porquê! - ainda procuro ter... Tudo o que "pese" no que escrevo sai para o papel como desabafo e mais nada... Assim como cão que ladra só para chamar a atenção duma certa gentalha ...
É bom saber que há pessoas a promover uma sã ocupaçao do tempo livre dos jovens. Bem Haja Doutor!