Pudesse eu não ter laços nem limites
Ó vida de mil faces transbordantes
Pra poder responder aos teus convites
Suspensos na surpresa dos instantes
Ó vida de mil faces transbordantes
Pra poder responder aos teus convites
Suspensos na surpresa dos instantes
Sophia de Mello Andresen
Por mero acaso deparei-me há dias com este poema que me “tocou” e surpreendeu, e que me atrevo a partilhar neste espaço.
Cada palavra encerra um mundo de afetos, vivências e, por ventura, ilusões, concluindo com um sentimento de impotência para viver todos os desafios que a vida permanentemente nos coloca e surpreende.
A musicalidade e sensibilidade que extravasam desta composição, o seu apelo à vida e ao amor, fazem deste poema um hino à liberdade.
Detenho-me, no entanto, no primeiro verso “pudesse eu não ter laços nem limites”, pois é esta constatação que todos os dias impede, limita ou, no mínimo, condiciona o nosso grito de liberdade.
À criatividade de quem escreve responde o leitor atento interpretando o que lê em função da sua sensibilidade, experiencia de vida, princípios e valores ético-sociais que perfilha e o tempo e as circunstâncias em que contacta com o texto.
Estejamos sempre predispostos para responder aos convites suspensos na surpresa dos instantes.
valdemar cabral
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