terça-feira, 18 de junho de 2013

AMIZADE - Como valor ético na arbitragem e na vida

A formação dos juízes de basquetebol, tal como de qualquer outro agente desportivo, tem que ser alicerçada num conjunto de valores ético desportivos e sociais, suscetíveis de contribuírem para o desenvolvimento da pessoa e a sua plena integração na sociedade.

Ao longo dos tempos a formação tem abordado, quase que exclusivamente, os domínios técnicos, deixando todo o restante âmbito da formação e desenvolvimento desportivo e pessoal entregue à eventual auto formação dos juízes.

É, por isso, necessário começar a interiorizar, refletir e debater questões ao nível dos valores e padrões comportamentais, única forma de, em momentos de crise, podermos contribuir para superar as dificuldades mais à luz dos princípios do que dos interesses.

Nesta linha de pensamento proponho uma reflexão e, porventura, discussão sobre o tema da AMIZADE, a partir do seguinte texto:

"Há três formas essenciais de amizade e igual número de formas que  caracterizam os objetos suscetíveis de amor.

Os que definem a sua amizade com base na utilidade não são amigos por aquilo que eles próprios são, mas pelo bem que daí pode resultar para ambos.
De modo semelhante, acontece com os que definem a sua amizade com base no prazer, pois não se gosta de pessoas divertidas pelas qualidades de caráter que têm, mas por serem agradáveis. Os que têm a amizade com base na utilidade gostam uns dos outros pelo bem que os outros lhes fazem; os que têm uma amizade com base no prazer, gostam uns dos outros pelo próprio prazer que lhes dá.
Nestes casos há amizade não pelo facto de outrem ser em si mesmo suscetível de amizade e amor, mas porque é útil e agradável.
Estas formas de amizade são portanto meramente acidentais. Porque não se gosta do outro apenas por aquilo que ele é, mas por ser vantajoso ou agradável.
Mas a amizade perfeita existe entre homens de bem e os que são semelhantes a respeito da excelência.
Eles querem-se bem uns aos outros, de um mesmo modo.
E por serem homens de bem são amigos dos outros pelo que os outros são.
Estes são assim amigos de uma forma suprema.

NA VERDADE QUEREM PARA OS AMIGOS O BEM QUE QUEREM PARA SI PRÓPRIOS.
A amizade entre eles permanece durante o tempo que forem homens de bem; cada um deles é um bem absoluto para o seu amigo.

Os homens de bem são absolutamente bons e úteis aos outros; também são agradáveis entre si, porque quem é absolutamente bom é também absolutamente agradável.

TAIS AMIZADES SÃO DE FACTO RARAS, PORQUE SÃO POUCOS OS HOMENS DESTA ESTIRPE".
Ética a Nicómaco
Aristóteles
Tradução de Antonio de Castro Caeiro

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